quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Os dias

Sentir a amargura dos dias,
apagados, sombrios, fugazes,
como se o acordar da noite
despertasse em mim o mais
simples deslumbramento descontente

Sentir o desligar da corrente
a efemeridade longa de um dia
que nunca foi, apesar da estranha alma
que habita em mim
querer desesperadamente tornar real
o que de tão real que é
não pode realmente existir

Sentir a inexistência do universo,
agarrando os pensamentos pensados
de alguém que não quer sentir

Os dias? Longas esperas,
longas continuidades descontínuas
que se arrastam no tempo,
trazendo consigo
a dor de quem nunca sentiu.

1 comentário:

Carlos Pessoa disse...

Lindo, muito lindo...
Continua...
Solta toda essa emoção, criatividade, fulgor poético...sempre.
Como dizia o poeta, "não há machado que corte a raiz ao pensamento"...